Relendo o livro "A querela do Brasil" do Carlos Zilio.
Fiquei pensando ...
... sobre o que vem a ser arte brasileira:
"Assim do ponto de vista da sua, digamos, legitimidade nacional, as três obras (Tarsila, Di Cavalcanti e Portinari) são igualmente brasileiras, ao menos se entendermos arte brasileira como expressão do confronto entre o modelo externo e a produção brasileira, entendida como uma produção realizada por artistas que vivenciaram parcial ou totalmente um conjunto de fatores próprios à existência da arte na sociedade brasileira. As opções por determinados modelos externos, no entanto, não podem ser atribuídos a uma eventual moda internacional, mas a modificações profundas da arte brasileira. Se existiu uma predominância do Pós-Cubismo, deve-se à íntima presença da cultura francesa nesta época no Brasil. Se se vai fazer apelo ao Muralismo mexicano e ao Expressionismo é porque eles respondiam a necessidades precisas das inquietações culturais brasileiras. Em última análise, todos esses modelos sofreram uma assimilação ditada pela necessidade e possibilidades concretas do chão cultural brasileiro."
Transpondo para a contemporaneidade:
Quais seriam os fatores próprios à existência da arte na sociedade brasileira que estaríamos vivenciando, agora, hoje?
Como estaria se dando o embate entre o modelo externo e a produção artística brasileira?
Quais são nossas inquietações culturais?
Uma vez a pintora Cristina Canali declarou: sou artista, sou política. Zílio diz:
"A pintura de Tarsila, como no modernismo em seu primeiro momento, se reveste de uma ética, na medida em que propõe um comportamento para a cultura brasileira e se torna política na formulação de uma estética que transgride a ideologia dominante."
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